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A exposição te convida a conhecer o trecho entre o litoral sul do Estado de São Paulo e toda a costa do estado do Paraná, que abrange diversas áreas protegidas e das áreas produtivas mais importantes do Atlântico Sul.

É uma região de encontro da aguá doce com o mar, paisagens de "áreas úmidas ou lagamares" onde a cultura caiçara é descrita com um olhar voltado sobre a catação de animais invertebrados aquáticos conhecidos como ostrar, berbigões, almejas, mariscos, mexilhões, bacucus e sururus.

Embarque junto e seja apresentado a este fantástico território e os enfrentamentos da atualidade antropocênica.

Caminho biodiversidade
Caminho Sociodiversidade

Animais

Bivalve é um termo técnico para animais invertebrados aquáticos que apresentam um corpo mole, achatado e protegido por uma estrutura rígida de natureza calcária - a concha.

Esta é formada por duas partes articuladas entre si que se mantêm fechadas graças a presença de feixes de músculos.

Podem ter sexos separados ou serem hermafroditas. O ciclo de vida passa por uma ou duas fases larvais e após uma metamorfose tornam-se jovens quando então crescem até a forma adulta.

No Paraná, os bivalves comestíveis têm nomes populares únicos e algumas espécies podem ser utilizadas como iscas vivas.

Ambientes

A maioria dos bivalves vivem associados aos sedimentos, como areia, lama ou rocha, podendo viver dentro ou sobre estes. Alguns se fixam sobre quaislquer substrato duro (natural ou artificial).

Modos de vida de algumas espécies de bivalves em substratos rígidos e moles. A. cimentados (pela concha); B. nadadores; C. epifaunais; D. escavadores de rocha; E-J. escavadores de areia; G. escavadores de lama e K. fixos (pelo bisso).

Usos

Dentre os invertebrados aquáticos, o grupo é um dos mais utilizados em atividades humanas.

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Produção de Pérolas

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Gastronomia

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Peças de Adorno

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Artesanato

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Arqueologia

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Toxicologia

Produção

A produção de bivalves na costa paranaense é concentrada nos municípios de Paranaguá, Guaraqueçaba e Antonina. Os berbigões são os mais capturados, seguido das ostras e dos sururus.

A ostreicultura paranaense ocorre há 3 décadas, mas ainda é dependente da retirada de animais jovens dos bancos naturais para a engorda.

As menores capturas ocorrem em Pontal do Paraná e Matinhos e confirmam a tradição da pesca voltada para peixes e camarões, no municipios fronteiriços ao mar.

Conservação

Áreas úmidas são protegidas mundialmente e são designadas como "Sítios Ramsar" (Convenção de Ramsar, Irã: 1975).

Serviços ecossistêmicos fornecidos pelas áreas úmidas

  • Mitigação e adaptação às mudanças climáticas
  • Controle de inundações e de secas
  • Recarga de aquíferos
  • Filtragem e purificação de águas
  • Habitat para fauna e flora
  • Estabilização da costa
  • Provisão de alimentos e meios de substência
  • Recreação, turismo e valor cultural
Mosaico Lagamar - Unidades de Conservação Litoral Sul de São Paulo e Litoral Norte do Paraná.

O Mosaico Lagamar Iguape-Cananéia-Paranaguá representa 3 sítios Ramsar e está incluido na Grande Reserva da Mata Atlântica. Criado em 2006, integra 52 Unidade de Conservação tanta de Uso Sustentável quanto de Proteção Integral, incluindo-se os territórios caiçaras.

Pessoas

Foto do pescador

Pescadores(as)/catadores(as) tradicionais são grupos sociais que usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. Os conhecimentos e práticas gerados são transmitidos pela tradição.

Os caiçaras mantêm como fontes de renda: pesca artesanal, pequenos roçados, e extrativismo e artesanato. A catação dos mariscos, ostras, berbigões e outros, é feita manualmente, com poucos apetrechos. Envolve mulheres e homens organizados num universo simbólico próprio e distinto em cada trecho da zona costeira.

Foto do pescador

Apetrechos

Foto de Pescadores
Foto de ferramenta

A catação dos mariscos é artesanal, os animais são capturados manualmente, nos bancos naturais que ocorrem na região do entremarés das planícies lamosas, de onde os pescadores retiram os mariscos.

Ou ainda com o auxílio de poucos apetrechos como o "gancho" (ou "gaiola"), enxadas, sacos, tiradores cestos e a própria canoa.

Foto de ferramenta

Pesca

Foto de Pescador

É transmitida de geração a geração uma delicada forma de aprendizado. Em algumas localidades já não é mais apropriada pelos mais jovens.

A "mariscagem" - processo de coleta de moluscos bivalves é uma atividade pesqueira artesanal

Foto de pescador
Foto de consumo

Processamentos

Foto de consumo
Foto de consumo

As técnicas são bastante simplificadas, de baixo custo e envolve o núcleo familiar

Foto de consumo

Os animais são separados da lama e lavados para serem vendidos inteiros ou ainda fervidos para a "desmariscada" - separação da carne da "casca" (concha).

As atividades ocorrem nos quintais das casas. Os restos dos mariscos são utilizados como aterro nos atracadouros

Os pescadores desempenham uma rotina exaustiva na pesca dos mariscos. A atividade de extração é dependente dos períodos da maré seca (entorno de 4h)

Foto de pesca

A cada 15kg de berbigão é gerado somente 1kg de carne "limpa".

Foto de pescador

Uma canoa carregada com bacucus e lama pode pesar até 250kg; após a fervura e desmariscagem obtém-se apenas 50kg de carne.

Foto de consumo

Cultivo

Foto de ferramenta

Cultivos ou "fazendas" de mariscos(ostras) são sistemas de produção organizados de duas formas:

Foto de pescador

O mais simples é o "cultivo em travesseiros ou em mesas" estabelecidos sobre a lama e comuns em locais mais abrigados.

Foto de pescador

Ilustração de pescador realizando o cultivo na Baia:

Foto de pescador
Foto de Ferramenta

O sistema de balsa e varal suspenso é conhecido long-line onde são penduradas estruturas chamadas de lanternas. A estrutura flutuante é mais indicada para locais abertos próximos ao mar.

Foto de Ferramenta

Ilustração da montagem das lanternas:

Foto montagem das lanternas
Bot Neto, R.(2010). Ictiofauna associada às lanternas de cultivo de ostras do gênero Cassostrea na Naía de Guaratuba - PR - Brasil. 10.13140/RG2.1.4200.4007.

Neosambaquis

Na costa paranaense pilhas de conchas se agigantam, ano após ano, nas periferias das baías, dentro dos manguezais, sob palafitas e quintais dos catadores e suas famílias. Como em todos os aglomerados humanos há também o descarte de inúmeros objetos, plásticos, metais, concreto, tijolos e outros tipos de materiais orgânicos e inorgânicos.

Como reflexo dessas ações estão sendo construídos na atualidade novos registros das atividades humanas, que podem ser considerados "neo-sambaquis". Talvez, num futuro distante, como as demais ocupações humanas que tiveram fins e recomeços, algum pesquisador ou curioso poderá encontrar esses registros e entender como foi a ocupação humana nos séculos XX e XXI.

Talvez, num futuro distante, como as demais ocupações humanas que tiveram fins e recomeços, algum pesquisador ou curioso poderá encontrar esses registros e entender como foi a ocupação humana nos séculos XX e XXI.

Mudanças Climáticas

O aumento da temperatura do planeta, a desoxigenação e a acidificação dos oceanos e mares trarão impactos profundos na sobrevivência dos mariscos bivalves.

Concentrações elevadas de CO² nos oceanos alteram a neutralidade do meio marinho - que é devastador sobre os animais com conchas

Sem estruturas saudaveis, os bivalves tornam-se vulneráveis, podendo levar a declínios irreversíveis de suas populações naturais.

Com o ambiente mais quente, os mariscos ficam mais suscetíveis a doenças e infecções, o que pode torná-las impróprios para consumo humano, comprometendo a segurança alimentar global.

Lixo no Mar

O acúmulo de lixo nos ecossistemas aquáticos é uma ameaça crescente para todos as formas de vida e a própria saúde humana. Toneladas de plástico e outros detritos são produzidos e despejados nos estuários, mares e oceanos todos os anos.

A poluição por estes rejeitos gera impactos devastadores principalmente aos animais (asfixia, perde de movimentos, etc...).

Além disso a natureza duradoura dos plásticos permite sua existência por décadas! Com o tempo são degradados até particulas minúsculas - os chamamos microplásticos, que pela ingestão retornam às cadeias e teias alimentares aquáticas...

O maior desafio sobre o lixo no mar está relacionado aos padrões de consumo, modos de descarte e a gestão de resíduos sólidos!

Antropoceno

O termo foi criado para designar a nova época geológica, caracterizada por alterações dos processos globais, causados pelas intervenções humanas.

A partir da industrialização (1850) máquinas são construídas e movidas por diferentes formas de energia; a população mundial aumenta e os recursos naturais esgotam-se.

No séc. XX as atividades econômicas aceleram a degradação do planeta e hoje atingem níveis criticos. Inundações, secas, terremotos, incêndios florestais, desertificação e variados modos de poluição na terra, ar e mar intensificam-se.

Pessoas deslocam-se entre territórios fugindo de conflitos, em busca de melhores condições de vida. Na contramão deste cenário movimentos planetários pautados no bem estar e na sustentabilidade monitoram os fenômenos climáticos. Países como o Brasil organizam-se para mitigar a degradação ambiental, reuzir a pesca e a caça predatória, reutilizar os descartes, entre outras ações.

Esse é o novo caminho: Único e sem volta!

A exposição desembarca num trecho entre o litoral sul do Estado de São Paulo e a costa do estado do Paraná, que abrange diversas áreas protegidas e uma das mais produtivas do Oceano Atlântico Sul.

É uma região de encontro entre a água doce e o mar - paisagens de "áreas úmidas ou lagamares" onde a cultura caiçara é descrita sob um olhar voltado à pesca de animais invertebrados aquáticos - os bivalves, conhecidos como mariscos (ostra, berbigão, mexilhão, bacucu, sururu e almeja).

Venha conhecer parte da trajetória socioambiental deste fantástico território e os enfrentamentos da atualidade antropocênica.

Equipe

  • Yara Ap. Garcia Tavares (Coordenadora)
  • Mayra Jankowsky
  • Suzete Wambier Christo
  • José Ronaldo Mendonça Fassheber
  • Allan Paul Krelling
  • Augusto Luiz Ferreira Junior
  • Louine Henrieth de Moura Correia
  • Nicole Stakowian
  • Ellen Joana Nunes Santos Cunha
  • Gabriela Dubeski Ferreira
  • Ana Paula Alves Borba
  • Sthephany Aguiar de Oliveira
  • Cristiano dos Santos Freire
  • André Paulo Souza
  • Lucas Robes Loureiro Antunes
  • Matheus Serafim
  • Karinne Souza Lugo
  • Lucimara Mendes Xavier

Fotografias

  • Douglas Cleverson Fróes
  • Yara Ap. Garcia Tavares
  • Augusto Luiz Ferreira Junior
  • Renato Luiz Bot Neto
  • Mateus Serafim
  • Gabriela Dubeski Ferreira
  • Nicole Stakowian
  • Lucimara Mendes Xavier

Agradecimentos

  • Ana Luisa de Mello Nascimento
  • Wesley Cunha Ventura
  • José Antonio Miquilino Barbosa
  • Giovani Rodrigues da Silva

Realização

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